Para refletir!

"Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carência. Se cada um tomasse o que lhe fosse necessário, não havia pobreza no mundo e ninguém morreria de fome". Mahatma Gandhi

A SEMENTE DA VERDADE

Certa vez um forasteiro ao passar por uma estalagem, entrou e sentou-se numa das mesas. Uma jovem que ali servia aproximou-se de si, cumprimentando-o enquanto lhe entregava o cardápio. Este pediu uma refeição ligeira que a jovem anotou.
Depois de ter comido, o forasteiro reparou que não trazia consigo dinheiro, pedindo à jovem que chamasse o gerente. Quando este se aproximou, disse-lhe:
“Não trago comigo dinheiro com que possa pagar esta refeição, mas se aceitares poderei te oferecer estas duas sementes que contêm nelas a Verdade Suprema e que me foram entregues diretamente por Deus”.
O gerente, honrado com tal oferta, aceitou.
Antes de sair, o forasteiro chamou a jovem que o tinha atendido de forma simpática e acolhedora, oferecendo-lhe, sem que ninguém soubesse, a terceira semente que trazia com ele.
O gerente pegou então as duas sementes e colocou uma dentro de um cofre e a outra num pedestal do templo para que a população pudesse louvar a Verdade Maior.
A terceira semente, aquela que o forasteiro deu à jovem que servia na estalagem, foi lançada a terra e regada com o amor que essa jovem dedicou a tal tarefa. E enquanto as pessoas se reuniam no templo para louvar a semente da Verdade Maior, e o grupo mais restrito se reunia secretamente para adorar a semente guardada no cofre, a jovem caminhava todos os dias até o quintal onde regava a pequena semente.
E os anos passaram...
O culto à semente do templo cresceu e espalhou-se pela região. Muitas eram pessoas, multidões imensas, que todos os anos caminhavam até ao templo para irem fazer as suas preces e os seus pedidos.
O outro culto, o da semente guardada no cofre, mais reservado, secreto e misterioso, crescia também, trazendo até ao núcleo central, depois de provas de admissão e vários rituais, muitas pessoas da região.
E enquanto os dois cultos cresciam, a jovem que trabalhava na estalagem passava parte do seu tempo a cuidar da semente que, entretanto, se transformou numa bonita árvore.
E foi então que um grande burburinho se levantou naquela aldeia quando foi anunciada a chegada de um enviado de Deus. Ele, o mesmo homem que anos antes entregou as sementes, entrou na estalagem e sentou-se numa das mesas.
O gerente, honrado com tal visita, dispensou todos os empregados para que fosse ele o único a servir aquele homem. Foi então que este, ao recusar o cardápio, disse:
“Servi-me a Verdade”.
O gerente foi então buscar as duas sementes, trazendo-as para o homem:
“Aqui está a Verdade, Senhor”.
O forasteiro olhou para ele confuso, dizendo:
“O que me serves homem? Achais mesmo que posso comer estas sementes?”
O gerente respondeu:
“Mas, Senhor, não me pediu para te servir a Verdade? Ela aqui está; as sementes que me ofereceu”.
O homem levantou-se desapontado, dizendo, enquanto saía:
“Quando eu ofereci essas sementes, elas eram a verdade, mas hoje a verdade é outra.”
E saiu da estalagem com fome, caminhando pela rua principal da aldeia.
Foi então que, ao passar pelo quintal de uma casa mais afastada, ele viu uma árvore robusta e, junto dela, uma jovem.
Aproximou-se.
“Que árvore bonita...”, disse ele com um leve sorriso.
“Sim, mestre! ’, respondeu à jovem, reconhecendo-o. “Nasceu da semente que me ofereceu anos antes”.
Ela aproximou-se então da árvore colhendo alguns frutos e lhe ofereceu, dizendo:
“Aqui está a Verdade que procuras”.
Ele sorriu, e respondeu:
“Agora que você compreendeu, não guardes esses frutos num cofre para protegê-los, nem os coloques num pedestal para as pessoas o adorar, mas dai-os ao mundo para que no mundo uma nova verdade possa nascer”.
E aquele homem, enviado de Deus, partiu satisfeito, e sem fome, porque pelo menos uma pessoa tinha compreendido a razão da sua missão, e assim sendo, novos frutos, germinados de uma árvore nascida das mãos sábias de quem soube compreender a verdadeira razão de ser uma semente, iriam ser doados ao mundo saciando-o de uma longa fome.

Autor Desconhecido
Ouça na íntegra o Programa exibido em 27/01/10!

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