Para refletir!

"Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carência. Se cada um tomasse o que lhe fosse necessário, não havia pobreza no mundo e ninguém morreria de fome". Mahatma Gandhi

A GATA E O SÁBIO

Pensamento: "Não há verdadeira justiça sem misericórdia." Textos Judaicos

Mensagem: A GATA E O SÁBIO

O sábio de Bechmezzinn (aldeia situada no norte do Líbano) era muito rico.
Dedicava o melhor do seu tempo ao estudo e a tratar os doentes que o procuravam.
A sua fortuna permitia-lhe socorrer os infelizes e todos diziam que ele era a dedicação em pessoa. Homem piedoso e reto, a injustiça revoltava-o.
Muitas pessoas vinham consultá-lo quando tinham alguma divergência com vizinhos ou parentes. O sábio dava os melhores conselhos e desempenhava freqüentemente o papel de mediador.
O sábio tinha uma gata a quem se dedicava particularmente. Todos os dias, depois do café da tarde, ela miava para chamar o dono.
Então o sábio acariciava-a e a levava para o jardim, onde ambos passeavam até ao pôr-do-sol.
Ela era a sua única confidente, diziam os criados.
A gata dirigia-se muitas vezes à cozinha, onde era bem recebida. O cozinheiro não escondia nem a carne nem o peixe, porque ela nada roubava, fosse cru ou cozinhado, contentando-se com o que lhe davam.
Ora, uma tarde, depois do passeio diário, a gata roubou furtivamente um pedaço de carne de uma panela. Tendo-a surpreendido, o cozinheiro a castigou puxando-lhe severamente as orelhas. Envergonhada e com pressa, a gata fugiu e não apareceu mais durante todo o dia.
Intrigado, o sábio perguntou por ela na manhã seguinte e o cozinheiro lhe contou o que se passou. O sábio saiu para o jardim e durante muito tempo chamou a gata, que acabou por aparecer.
— Porque roubaste a carne? — perguntou o sábio.
— O cozinheiro não te dá comida que chegue?
A gata, que tinha parido sem que ninguém soubesse, afastou-se sem responder e voltou seguida de três lindos gatinhos. Depois, fugiu e subiu na figueira do jardim.
O sábio pegou nos três gatinhos e entregou-os ao cozinheiro que, ao vê-los, mostrou uma grande admiração.
— A gata não roubou comida a pensar nela. — declarou o sábio. — O seu gesto foi ditado pela necessidade. Portanto, não é de condenar. Para alimentar os filhos, qualquer ser, mesmo mais frágil do que um mosquito, roubaria um pedaço de carne nas barbas de um leão. A gata limitou-se a seguir o que lhe ditava o seu amor maternal. A conduta dela nada tem de repreensível. O pobre animal está sofrendo você a ter castigado injustamente.
Fugiu para a figueira porque está zangada contigo. Deves ir lá pedir-lhe desculpa, para que se acalme e tudo volte ao normal.
O cozinheiro concordou. Tirou o turbante, dirigiu-se à figueira e pediu perdão ao animal. Mas a gata virou a cabeça.
O sábio teve de intervir. Conversou longamente com ela e lá conseguiu convencê-la a descer da árvore.
A gata desceu lentamente da figueira, veio miando e começou a roçar-se nas pernas do sábio e depois foi para junto dos seus três filhotes.

Tradução e adaptação de Jean Muzi
Programa exibido em 21/09/10!

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