Para refletir!

"Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carência. Se cada um tomasse o que lhe fosse necessário, não havia pobreza no mundo e ninguém morreria de fome". Mahatma Gandhi

SER AMIGO

O sol entrava pelas janelas da sala de aula e ia brincar nos cabelos dos meninos. Às vezes projetava uma mão na folha de papel, fazendo uma engraçada sombra. E era uma tentação para a garotada. Alguns às escondidas pegavam num pequeno lápis e desenhavam-na sobre a folha, enquanto a professora ditava: Primavera, nome de Estação, como se escreve, Marco? Marco acordava então das suas divagações de luz e de sombra, e respondia: — Com letra maiúscula, senhora professora.
A professora continuava… Guidinha, Joãozinho, Antoninho… Venham fazer um trabalho de grupo. E Marco pensava: e eu? E eu? Porque sou só Marco e não Marquinho? E colocava-se a pensar… Talvez o meu nome não dê jeito… Mas ficava triste, sentia que para ele não havia tanta ternura. Aquele Marco de duas sílabas bem marcadas feria-no constantemente e sentia-se só… ele que nem sequer tinha irmãos.
Chegou a hora do recreio. Uma manhã inundada de luz. Os passarinhos cantavam contentes, ostentando a sua bela plumagem e entoando doces trinados. As crianças brincavam tirando dos seus saquinhos, bordados cuidadosamente pelas mães, os saborosos lanches. E brincavam, riam, pulavam. De repente, junto ao muro da escola, parou uma pobre menina, suja, com um irmãozinho ao colo…
— Como você chama? — perguntou Marco.
— Sílvia — respondeu a menina embalando o irmãozinho que chorava.
Marco pensou: — também ela não era Silviazinha.
— Queres pão?
— Quero.
Marco partilhou a sua merenda com Sílvia e ficaram amigos. Todos os dias a menina aparecia, todos os dias Marco partilhava com ela a sua merenda e a menina trazia-lhe uma flor silvestre, que ele guardava cuidadosamente entre as folhas do seu livro. Marco pensava que a vida era cheia de contrastes de luz e de sombras… Mas também pensou que a amizade e o amor estão nos atos e não nas palavras, que não é por um simples inho ou inha que há mais amor. E, daí em diante, sentia-se mais feliz.

Autor: Maria José Craveiro R. Valente
Programa exibido em 26/05/10

Nenhum comentário: