Para refletir!

"Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carência. Se cada um tomasse o que lhe fosse necessário, não havia pobreza no mundo e ninguém morreria de fome". Mahatma Gandhi

As palavras mágicas

Pensamento: “Um dos maiores milagres de Deus é permitir que pessoas comuns façam coisas incomuns.” H. Jackson Brown
 
Mensagem: As palavras mágicas

Aos três anos de idade, Lorenza foi encontrada só, em um jardim da cidade, por um rico senhor que, compadecido a levou para sua casa. A esposa desse senhor ficou muito contrariada por que eles já tinham três filhas. O que mais aborreceu a senhora foi que Lorenza tinha o rosto cheio de cicatrizes, pareciam marcas de queimaduras. Apesar de seus lindos cabelos cor de ouro e grandes olhos azuis, ela nunca foi aceita naquela casa onde era ridicularizada a toda hora e lhe deram apelido de bruxa.
Seu pai adotivo era bondoso e a tratava bem, mas quando ele se ausentava, as quatro não permitiam que Lorenza se sentasse á mesa com elas para as refeições nem que participasse das aulas que recebiam em sua casa. Também não podia andar na carruagem com elas. A menina tudo aceitava sem se queixar. Tinha bom coração e a todos tratava bem.
Havia também naquele reino um rei muito bom. Ele e a rainha possuíam um único filho, também bastante bondoso e amigo de todos.
Um dia, ao voltar de uma cavalgada com seus amigos, o príncipe Aurélio se deteve junto de um lago que havia próximo ao castelo, para beber água. Aquele lago era belíssimo, suas águas limpas e cristalinas. O príncipe começou a brincar com a mão, tocando a água, quando o seu anel lhe saiu do dedo e desapareceu. Em vão, ele e seus amigos vasculharam o lago. O príncipe entristeceu-se muito: aquele anel foi um presente de seus avós pelos quais ele tinha grande afeto. O rei, chamado Anselmo, para consolar o filho emitiu um comunicado que correu todo o reino: “quem encontrasse o anel, seria regiamente recompensado.” Homens, mulheres e jovens, todos se aventuravam a procura do anel e aquele lindo lago tornou-se um barreiro irreconhecível. Alguns mergulhavam, outros levavam redes e afins; tudo o que fosse possível se tentava. As irmãs de criação de Lorenza compareciam todos os dias no lago na esperança de acharem o anel e, assim, talvez o príncipe se casasse com uma delas. Todos os dias voltavam para casa, cheias de raiva e xingando. Um dia, a fada do reino apareceu-lhes no caminho e disse-lhes:
- Vocês têm que descobrir as palavras mágicas que farão a jóia subir das profundidades onde está presa. As meninas suplicaram à fada que lhes revelasse as palavras, mas a fada respondia-lhes: - Vocês terão que descobri-las.
Elas consultaram livros e dicionários e voltavam ao lago e, nada! Cada dia, xingavam mais e ficavam com mais raiva. À noite, a fada do reino foi até o modesto quarto de Lorenza:
- Não tenha medo, minha filha, eu sou a fada do reino; quero que você vá ao lago; há algumas palavras mágicas que terá que dizer para que o anel venha para a margem do rio.
- Ó linda fada, quando me virem me atirarão pedras! E também não sei que palavras são essas!
- Vá, Lorenza, ninguém lhe fará mal, e quanto às palavras você as pronuncia sempre, porque é bem educada e tem bom coração!
No dia seguinte, a menina encaminhou-se para o lago, envergonhada e de cabeça baixa.
O príncipe Aurélio já havia quase perdido a esperança de ter o seu anel de volta, mas naquele dia resolveu ir até o lago. Assentou-se debaixo de uma árvore e se pôs a observar as tentativas que as pessoas faziam para achar o anel. Lorenza abaixou-se, tirou as luvas e tocando delicadamente aquelas águas barrentas disse: - Com licença, meu querido lago antes tão lindo!
Nesse momento as águas se tornaram cristalinas como antes. O príncipe estava tão encantado, olhando os lindos cabelos da moça que nem notou o fato... - Essa jovem deve ser muito formosa! Que cabelos maravilhosos! – pensou o príncipe.
- Por favor, lago querido, devolva o anel do nosso príncipe, para que ele volte a se alegrar!
Nesse momento as águas se tornaram ainda mais transparentes e Lorenza pôde ver nitidamente onde se encontrava a jóia. Seu primeiro pensamento foi chamar algum mergulhador indicando-lhe a localização do anel quando de seus lábios saíram as palavras:
- Muito obrigada, lago lindo e querido!
Nesse instante o anel entrou em seu dedo e ela o apertou contra o coração e contra o seu rosto e gritando: - Pajens de sua majestade, eu tenho o anel!
Ela não ousava voltar-se para a multidão afim de que eles não vissem a sua face. Não sabia, mas, o contato com a jóia havia devolvido a beleza ao seu rosto. O príncipe se aproximou sorridente e feliz e colocou o anel em seu próprio dedo; olhou firmemente para Lorenza e a chamou: - Belíssima!
Ela não entendeu, pois ainda não tinha visto o próprio rosto. O pai adotivo de Lorenza aproximou-se e lhe disse que ela estava linda e que sentia muito orgulho dela.
Lorenza e o príncipe se casaram e foram sempre muito bons e protetores do povo daquele reinado. Em vista do bem que o pai adotivo de Lorenza lhe fez, o rei Anselmo e a rainha Eloísa lhe concederam um título de nobreza e ele passou a andar entre os nobres do reino. Nas festas reais, a princesa Lorenza, convidava a sua mãe e suas irmãs adotivas a participarem, fato que as fazia muito felizes. Aos poucos, as quatro foram se tornando menos petulantes e mais educadas e com melhores sentimentos de humanidade.

Texto extraído do livro: Contos para contar - Thereza Iglésias

Programa exibido em 21/07/11!

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