Para refletir!

"Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carência. Se cada um tomasse o que lhe fosse necessário, não havia pobreza no mundo e ninguém morreria de fome". Mahatma Gandhi

O festival das raposas

Pensamento: “A verdadeira família não é apenas unida pelo sangue, mas principalmente pelo amor.” Desconhecido

Mensagem: O festival das raposas

Dona Raposa estava dizendo que iria se casar e preparava uma grande festa. Um mês antes, ela e seu noivo, o senhor Raposo, iniciaram a entrega dos convites. O primeiro lugar que visitaram foi o galinheiro. Ao avistá-los de longe, mestre-galo trancou bem o portão e alertou a galinhada.
Fingindo ignorar os importunos visitantes, continuou o seu passeio pela área.
- Olá , mestre-galo! – gritou o senhor raposo – Que linda tarde, não é mesmo?
- Muito linda – respondeu o galo – e desde já lhe aviso: aqui não tem galinha prô seu bico!
O que é isso? – disse dona Raposa – Viemos trazer ao senhor e a todas as distintas galinhas deste galinheiro, nosso convite de casamento.
- Deixem de conversa fiada – retrucou mestre-galo – Em festa de raposas, penosos não entram!
Somos de paz, amigo galo e, para que se acalme, na nossa festa só serviremos legumes!
- Isso mesmo! – Confirmou dona Raposa – Já estamos fartos de tanto comer carne!
- Quer dizer que viraram vegetarianos? – perguntou mestre-galo em tom irônico.
- Bem, é que de vez em quando é preciso mudar o cardápio... – gaguejou dona Raposa!
- Vão dando o fora – ordenou o galo – estou cheio de conversa de raposas!
O senhor Raposo e a noiva se retiram, jurando mil protestos de boas intenções. As galinhas e frangos ouviram tudo atentamente e respiraram aliviados quando os dois indesejáveis se retiraram. Porém, alguns franguinhos protestaram:
- Queremos ir à festa, ora! Ficamos o tempo todo aqui, trancados, sem ver nada... temos o direito de nos divertir!
- Não em festa de raposas! – resmungou mestre-galo – Então não sabem quais são as más intenções que elas têm?
Espertildo era um dos frangos jovens que liderava o bloco dos descontentes; o Sabenildo e o Modernoso engrossavam o coro. As mamães-galinhas estavam alarmadas com as atitudes moderninhas de seus franguinhos; aquilo parecia muito perigoso! Para acalmar o tumulto, mestre-galo empoleirou-se no portão do galinheiro e deixou o assunto bem claro:
- Neste galinheiro mando eu! Se quiserem outro modo de vida, mudem daqui!
Houve um silêncio geral e, nos dias seguintes, não se falou mais sobre o assunto. Alguns dias depois, eis que dona raposa e o senhor raposo visitaram novamente o galinheiro. Desta vez, para sorte deles, mestre-galo havia saído e as raposas puderam agir mais livremente.
- Viemos trazer um convite, distintas galinhas e frangos jovens! É para a festa na casa do macaco Pedroso – falaram – Ele nos encarregou de convidá-los. Haverá show de rock e todo tipo de danças modernas!
Espertildo adiantou-se a guardar o convite, apesar do bico torcido da galinhada e, muito agradecido às espertas raposas, pôs-se a conversar com Sabenildo e o Modernoso sobre uma maneira de escaparem do galinheiro no dia da festa.
Mestre-galo informado, advertiu os três franguinhos sobre a esperteza das raposas. Eles tacharam mestre-galo e as demais galinhas do galinheiro de atrasados, para-trás, quadrados e outros “adjetivos” mais, mostrando toda a sua indignação contra a ordem dos mais experientes.
No dia, esperaram que todos dormissem, pularam o cercado e, com o convite embaixo da asa, Espertildo comandava o bloco dos “avançadinhos” em direção à casa do macaco Pedroso. (Seria mesmo a casa do macaco?)
Estranharam o silencio. Não havia música. Por certo haviam chegado um pouco cedo. Não tinha importância! Eles esperariam o quanto fosse preciso e ainda levariam a honra de terem sido os primeiros. Sabenildo bateu uma vez; esperou. Modernoso bateu outra vez e uma luz se acendeu. “Oba!,- pensaram – mal podemos esperar por essa grande noitada!” A porta abriu-se devagar e de dentro uma voz muito amável os convidava a entrar. Mas, onde estava o dono da casa, o macaco Pedroso?
Surpresa terrível: quem os aguardava era nada mais, nada menos do que as duas espertas raposas que os devoraram sem nenhuma piedade. Quando amanheceu, mestre-galo e as mamães-galinhas notaram a ausência dos três sabichões e de outros franguinhos que os acompanharam. Quando se soube do ocorrido, houve grande consternação no galinheiro e os demais frangos jovens, traumatizados, se deram por felizes de não terem tido a “coragem” de se aventurar.
Mestre-galo entristeceu-se extremamente e, durante uma semana, não conseguiu cantar. Passava o tempo amuado, meditando no que ele poderia ter falhado na educação dos seus comandados. Uma tarde, recebeu a visita do macaco Pedroso, que andava muito enfezado por terem as espertas raposas usado o seu nome e até o seu endereço, para atrair os desobedientes franguinhos. Seu Pedroso era bastante maduro e experiente e deixou para o amigo mestre-galo algumas sugestões importantes:
_ Jovens – meu caro mestre – precisam de diversão..., sadia e, se possível, dentro do próprio ambiente onde residem! Devem ter amigos, e bons! E, acima de tudo, contar com a amizade dos adultos com os quais convivem!
Mestre-galo escutou atentamente os conselhos e, ao pé-da-letra, pôs em prática todas as dicas do macaco Pedroso. Comprou instrumentos musicais, contratou professores de outros galinheiros, para que ensinassem aos jovens frangos músicas e danças. E aquele galinheiro tornou-se tão alegre e aprazível que nenhum cidadão, jovem ou maduro, ali residente, pensava em se divertir fora dali. Agora sim: o título de mestre se assentava perfeitamente ao mestre-galo, pois ele aprendeu e aplicou aos seus a verdadeira pedagogia galinácea.

Texto extraído do livro: Contos para contar - Thereza Iglésias

Programa exibido em 19/07/11!

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